remetente

Carta de um remetente muito especial

Oi, Profe!

Ontem a gente vai se conhecer. Não paro de pensar se você é grande ou pequena, se é brava ou boazinha, se tem cabelo escorrido ou de molinha, se espreme os olhos enquanto dá bronca…

Antes de dormir também penso se vou ficar na mesma turma que meus amigos, se as pedrinhas de ouro continuam enterradas no parquinho, se vai ter lanche gostoso, se eu vou ter que experimentar tudo no almoço e se meu livro preferido ainda mora na biblioteca.

Quero muito te mostrar minha mochila nova. Acredita que ela tem rodinhas? Minha mãe disse que eu tenho que cuidar/que não posso sujar/que custou um dinheirão… Chatice! Eu queria tanto apostar corrida com o Lucas lá no bosque.

Profe, você sabia que meu dente está mole? Eu encontrei a Valentina no mercado e vi que ela já está com uma janelinha. Minha vó disse que uma fada vem me visitar quando meu dente cair. Mas só se eu me comportar!

Falando em se comportar, eu juro que vou me comportar neste ano. É que agora eu já sou criança grande. Mas, às vezes, mãe, pai, avó, avô (e alguns profes também) esquecem que criança gosta de rir e mostrar os dentes, de gritar até escutar um barulho doído na orelha, de girar até ficar tonta, de correr até o coração doer, de pular degraus, poças de lama e refeições, de falar no meio da história, de levantar enquanto come, de dançar enquanto desenha, de cantar enquanto escova os dentes… Ah! E, claro, de brincar… Como gente pequena, mesmo sendo grande, como eu, gosta de gostar de brincar.

Pensando bem, Profe… Eu só quero que você goste de brincar. O resto, a gente acerta.

(Por Aline Pinto

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